MEIO AMBIENTE
DESTINAÇÃO DO LIXO E POLUIÇÃO DO AR E DA ÁGUA SÃO OS MAIORES DESAFIOS AMBIENTAIS
BRUNO GREGÓRIO
São Paulo é referência brasileira em vários aspectos. A Avenida Paulista, por exemplo, é um dos principais centros financeiros e culturais do Brasil. A capital paulista possui ainda a melhor universidade do Brasil, a USP. Alguns dos melhores hospitais públicos e particulares do país estão aqui. Mas quando o assunto é meio ambiente a capital paulista deixa a desejar.
Dados apresentados pela arquiteta e urbanista Luciana Schwandner Ferreira, em sua dissertação de mestrado defendida na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, mostram que a cidade de São Paulo perdeu nos últimos 14 anos o total de 72.514 árvores, o equivalente a 14 por dia. E o pior, todas com autorização da Prefeitura.
A vegetação retirada, que foi substituída por prédios, shoppings, ruas, entre outras construções, corresponde a quase cinco Parques Ibirapuera. Apesar dos dados alarmantes, o número é considerado pequeno pela arquiteta, se comparado ao de árvores perdidas no mesmo período por desmatamentos ilegais.
Apesar de ações que a prefeitura vem realizando nos últimos anos, como a inspeção veicular, investimentos no trólebus (o ônibus elétrico), o apoio ao Dia Mundial sem Carro, entre outros, pesquisa divulgada no início de 2012 pela Cetesb mostra que a qualidade do ar da capital atingiu seus piores registros dos últimos oito anos. Com ela, crescem os índices de doenças, não apenas do sistema respiratório, como também derrames e infartos.
Outro problema que assola a maior cidade da América do Sul é o lixo. A capital produz cerca de 15 mil toneladas de lixo por dia e recicla apenas 1% deste total – estima-se que 25% do total de lixo produzido poderia ser reciclado. Por habitante é produzido cerca de 1,5 kg de lixo por dia, fazendo São Paulo gerar 10% do total de lixo produzido no Brasil.
Com os aterros cheios, a Prefeitura passou a exportar seu lixo para outros municípios, causando um alto custo para a cidade. O resultado negativo fica claro com as enchentes e a poluição da cidade.
Segundo o professor Arlindo Philippi Junior, do Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública, em entrevista ao site da USP, o problema da destinação do lixo produzido na cidade de São Paulo e região metropolitana já deveria ter sido resolvido. "Ainda não houve vontade política para resolver a questão", afirma.
lixo e poluição tiram o sono, e a saúde, do paulistano
Cynthia Ferrari é professora de Comunicação e Sustentabilidade da ESPM.
1) Na sua opinião, quais os principais problemas de São Paulo em relação ao meio ambiente?
Eu acho que saneamento continua sendo um grande problema em vários locais, principalmente em periferias. Mas a educação é um problema fundamental. Então, prioritariamente, é preciso investir em educação, desde escolas básicas até universidades, principalmente por São Paulo ser uma referência. Aqui deveriam haver projetos voltados para educação e sustentabilidade muito mais consistentes do que os que há hoje, com vivências para as crianças e os jovens entenderem e terem uma experiência em sustentabilidade.
2) Existe falta de comunicação entre as secretarias da cidade de São Paulo para a elaboração de projetos?
Com certeza. Eu acho que com relação à sustentabilidade, um dos grandes problemas é a falta de visão, da transversalidade, e isso acontece desde o cidadão, as empresas e até os governos. As pessoas não estão acostumadas a terem uma visão sistêmica sobre o meio ambiente, sobre a economia, sobre a sociedade e isso tudo está no conceito mais básico da sustentabilidade.
3) Em qual São Paulo você gostaria de viver nos próximos 4 anos?
Eu gostaria de ter uma São Paulo mais focada na educação em sustentabilidade, com toda a certeza. Eu gostaria que a cidade de São Paulo, pudesse promover e ter mais ações que resgatassem esses valores, não só do consumo e da produção, mas também do estar junto, do compartilhar, da convivência, do respeito. A partir do respeito há valores ligados ao meio ambiente.
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Programa promove sustentabilidade como critério
de voto e reúne os melhores exemplos na área
BRUNO GREGÓRIO
Em meio a tantos problemas ambientais que a cidade de São Paulo possui, as soluções parecem distantes e complicadas. Entretanto, em busca do incentivo do desenvolvimento sustentável urbano, foi lançado o “Programa Cidades Sustentáveis”. Criado pelo Instituto Ethos, Rede Nossa São Paulo e Rede Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis, oferece aos candidatos uma agenda completa de sustentabilidade urbana, enriquecida por casos exemplares nacionais e internacionais como referências a serem perseguidas pelos gestores públicos municipais. O programa é complementado por uma campanha que tenta sensibilizar os eleitores a escolher a sustentabilidade como critério de voto e os candidatos a adotar a agenda da sustentabilidade.
No site do programa o leitor encontra bons exemplos como o Plano de Ação para Limpeza do Ar, criado pela Prefeitura de Los Angeles, em 2007. O programa é voltado a proprietários de caminhões, para motivar a manutenção e substituição de aproximadamente 16 mil veículos. Outra ação que chama a atenção é o programa Veículos Limpos em Estocolmo, que teve início em 1996, pretendeu transformar todos os veículos da cidade em não poluentes.
Além destes, existem outros exemplos de ações sustentáveis de cidades espalhadas pelo mundo, inclusive, do Brasil. Para mais informações do projeto basta acessar o site http://www.cidadessustentaveis.org.br